O objetivo desta resenha é articular os argumentos contidos no texto Estudos Culturais, Pedagogia e Educação (COSTA, SILVEIRA, SOMMER, 2003), Cultura Popular (FISKE, 1995) e o livro Introdução à Pedagogia Institucional (ANDRADE; CARVALHO, 2009). Para isto tecerei algumas considerações sobre este campo de estudo.
Estudos Culturais (EC) é um termo que abrange uma noção de cultura que ultrapassa o conceito artístico, parte de uma compreensão de cultura antropológica discutindo maneiras de viver, sentir e pensar próprios de um grupo social. Caracterizando-se como o estudo dos diferentes aspectos da cultura, se apropria de distintas disciplinas, buscando equilibrar os efeitos da hiperespecialização comum no espaço acadêmico. Neste sentido, é um paradigma que busca enfatizar e estudar a capacidade crítica dos sujeitos a partir das categorizações de gênero, raça/etnia, identidades sexuais, geração, entre outros. Este campo de estudo parte da perspectiva de que estes aspectos não podem ser encarados apenas como entidade natural, mas sim como uma dimensão produzida na/pela cultura e que, portanto, passam por elaborações culturais que estabelecem padrões de normalidade inseridos em determinado contexto, tempo e lugar. Neste cenário, poderes e saberes se assentam estrategicamente na sociedade, estabelecendo uma falsa ordem natural, hierarquizando os sujeitos. É neste mesmo cenário, em que estas distinções são desenhadas, que ocorrem os processos de permanências e resistências, todos objetos de estudo deste campo. Diferentemente de outras correntes teóricas, os EC buscam criticar estas relações e hierarquizações, como também propor mudanças.
Assim, um olhar mais cuidadoso permite perceber a cultura como um espaço de luta e contestação, onde os significados são fixados e negociados. E é nesta direção que a Pedagogia Institucional se insere. Considerada como uma nova vertente da educação, mesmo que discutida desde a década de 1960, caracteriza-se por criticar as instituições de ensino existentes, ao passo que busca ultrapassar os muros da escola e diversificar o papel do/a professor/a e do aluno/a. Esta metodologia de ensino busca transformar conflitos em situações de aprendizagem, busca promover através da diversidade existente entre alunos, o enriquecimento do grupo. Para atingir os objetivos a que se propõe lança mão de instrumentos, métodos e práticas orientadas ativamente, colocando o aluno em situações diversificadas, provocando a co-responsabilidade e o engajamento do grupo.
Diante dos argumentos expostos entendo que os EC culturais enquanto campo teórico abrange o estudo das mais diversas pedagogias culturais, constituindo-se como uma nova forma de perceber e criticar as questões educacionais e propor métodos que atendam ao propósito de transformar paradigmas cristalizados através das relações hierarquizadas entre os sujeitos.
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